Avaliação da Deposição de Proteoglicanos e Colágeno Tipo I na Matriz Extracelular da Cartilagem Articular da Mandíbula em Condição de Má Oclusão Experimental
Nome: Ludimilla Rocha Dutra Nardotto
Tipo: Dissertação de mestrado profissional
Data de publicação: 07/11/2019
Orientador:
Nome | Papel |
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Leticia Nogueira da Gama de Souza | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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Leticia Nogueira da Gama de Souza | Orientador |
Marcos da Silva Pacheco | Examinador Externo |
Rossiene Motta Bertollo | Examinador Interno |
Resumo: Introdução: A cartilagem articular da mandíbula (CAM) é reconhecida por sua capacidade adaptativa diferencial frente a situações de sobrecarga devido a sua organização estrutural, na qual as camadas mais superficiais apresentam células que secretam uma matriz extracelular (MEC) rica em colágeno tipo I, enquanto a matriz de colágeno tipo II é secretada pelos condrócitos nas camadas subjacentes. Apesar disso, condições anômalas que promovam demanda funcional capaz de exceder as propriedades adaptativas da CAM podem desencadear distúrbios na articulação temporomandibular (ATM), as desordens temporomandibulares, como a osteoartrite (OA). Os objetivos do estudo foram avaliar a deposição de proteoglicanos e colágeno tipo I na CAM de ratos em condições de normalidade e submetidos a má oclusão em dois tempos experimentais. Métodos: Foram utilizadas 24 fêmeas de ratos Wistar com 8 semanas de vida divididas em grupos controle e tratado, sendo definidos dois tempos experimentais (2 e 4 semanas). Nos grupos tratados, as más oclusões sagitais foram criadas ortodonticamente, causando movimentação mesial dos primeiros molares e distalização dos terceiros molares unilateralmente e em lados opostos das arcadas. Para análise microscópica, cortes sagitais das ATMs foram obtidos e submetidos ao método de coloração com azul de toluidina/fast green para estudo dos proteoglicanos e, técnica de imuno-histoquímica para avaliação do colágeno tipo I. Para as análises da expressão proteica, foram obtidas imagens da CAM e definida a fração de área marcada, em seguida os grupos controle e tratados foram comparados através do teste t de Student. Resultados: Animais que não sofreram interferência oclusal mantiveram padrões microscópicos compatíveis com os aspectos de normalidade da CAM. O depósito de proteoglicanos foi observado em áreas da matriz territorial com característica de halo ao redor dos condrócitos. Nos animais tratados por 2 semanas, a matriz cartilaginosa apresentou redução ou até mesmo ausência dos proteoglicanos, principalmente na matriz territorial do terço posterior da CAM. Já no grupo tratado por 4 semanas, foi detectado novo depósito. Em relação ao colágeno tipo I, na camada fibrosa do terço posterior dos animais tratados por 2 semanas o depósito da proteína foi maior do que nos animais tratados por 4 semanas (p=0,0351). Ainda, animais do grupo controle de 2 semanas também apresentaram menor fração de área de colágeno tipo I em relação aos tratados por 2 semanas (p=0,0020). No tempo experimental de 4 semanas não foi detectada diferença na expressão do colágeno tipo I entre controle e tratado. Conclusão: A má oclusão experimental parece ter sido capaz de induzir alterações na MEC da CAM, com efeitos iniciais de redução de proteoglicanos na matriz territorial e aumento da fração de colágeno tipo I, e tardios de novo depósito de proteoglicanos. Esses achados demonstram que os tecidos responderam às mudanças funcionais, provavelmente no sentido de se adaptar frente ao desajuste oclusal, sem o estabelecimento da OA. Contudo, deve-se ressaltar que o fator tempo é importante para que o processo deixe de ser fisiológico e resulte no aparecimento de lesões degenerativas.